12 de agosto de 2012

Pai


     Meu pai sempre foi o que dava bronca, que a gente tinha medo quando fazia alguma coisa errada. Mas também era o cara pra quem a gente pedia pra levar no clube, pra empinar pipa e dar dinheiro pra comprar sorvete na praia.

Quando eu tinha 4 anos ele sentava com a gente na areia e sugeria fazer o maior castelo que conseguíssemos. Nos levava na chácara, onde tínhamos uma mesa e banquinhos de pedra atrás da casa. Ele cortava uma maçã no meio e com uma colherzinha fazia raspinhas da polpa pra gente comer.

Quando eu tinha 14 anos ele implicava com meu lápis de olho. Dizia que eu não precisava e que era feio. Eu ficava brava e me perguntava qual o problema de usar maquiagem.

Quando eu tinha 18 anos ele só me deixava sair uma vez por mês. Eu enlouquecia de raiva porque todo mundo ia na festa e eu não. Mas ele me deixou fazer tatuagem, e me apoiou quando escolhi o que queria fazer na vida.

Hoje, com 21 anos e bem mais madura, eu agradeço do fundo do meu coração por tudo. Pelas pipas, os castelos de areia, os sorvetes, as implicâncias com maquiagem e os cabelos coloridos, as proibições, as brigas, e principalmente pelo apoio que ele me deu a vida inteirinha. Por ter me recebido no mundo com esse amor incondicional ao que às vezes fui ingrata. Por ser esse pai maravilhoso e chato, por ser esse cara cheio de conhecimento e experiências, por simplesmente ser meu paizinho.

Me ensinou a ser passarinho
a voar do ninho
mas bem de mansinho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...